Mulher morre após atendimento na UPA de Sinop e família denúncia negligência

A morte de Tatiana de Oliveira Ressel, de 34 anos, após buscar atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Avenida André Maggi, em Sinop, gerou comoção na cidade e levantou sérias dúvidas sobre a conduta adotada pela equipe médica.Tatiana passou mal no sábado (18) e faleceu na manhã desta segunda-feira (20). Um laudo médico foi emitido no mesmo dia, trazendo detalhes dos últimos procedimentos realizados, mas muitas perguntas seguem sem resposta.
Antes de ser atendida na UPA, Tatiana procurou a Policlínica do bairro São Cristóvão, onde foi orientada a se dirigir à UPA devido à gravidade do caso. No entanto, conforme relato de sua companheira, Herleen, não havia ambulância disponível para o encaminhamento, obrigando Tatiana a arcar com o próprio transporte. “Tivemos que pagar um Uber para levá-la até a UPA”, disse Patrícia . Ela também afirmou que alertou a equipe médica sobre os problemas cardíacos de Tatiana, mas essa informação teria sido desconsiderada.
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Segundo o relatório médico, Tatiana deu entrada na UPA após relatar dores intensas nas costas, decorrentes de uma queda com impacto na região lombar. A paciente foi submetida à sedoanalgesia com morfina e permaneceu em observação no setor de soroterapia.
Durante a madrugada, o quadro de Tatiana se agravou rapidamente. Ela foi levada à sala de emergência com sintomas como falta de ar intensa, tosse persistente, agitação e sinais de esforço respiratório. O documento médico relata que a paciente chegou à sala vermelha sem suporte de oxigênio, apresentando saturação de apenas 80% mesmo com máscara, além de rigidez abdominal e tosse com presença de sangue.
Diante da situação, a equipe médica realizou uma intubação de emergência com uso de medicamentos como lidocaína, cetamina e succinilcolina. Logo após o procedimento, Tatiana sofreu uma parada cardiorrespiratória. Foram iniciadas manobras de reanimação, com uso de adrenalina e tentativas de estabilização. A paciente chegou a recuperar o pulso, mas sofreu nova parada pouco depois.
Ela permaneceu em ventilação mecânica, com sinais de agravamento clínico. O óbito foi confirmado às 5h46 da manhã. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), onde será submetido a exame para esclarecer a causa da morte.
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Nas redes sociais, amigos e familiares denunciam possível negligência. Um dos principais questionamentos é se a administração de morfina ocorreu sem a devida análise do histórico clínico da paciente. Há ainda relatos de que a triagem teria sido falha, com pouca atenção ao relato de dores severas e à existência de doenças prévias.
Testemunhas afirmam que somente após Tatiana relatar mal-estar, os profissionais passaram a questionar se ela tinha alguma condição de saúde relevante. Durante o agravamento do quadro, também foi registrado sangramento nasal e sinais de profunda instabilidade.
A família já procurou a Polícia Judiciária Civil para relatar os fatos e pedir apuração. O caso deve ser investigado, e a expectativa é que o Ministério Público também acompanhe o processo.
Até o momento, a Secretaria Municipal de Saúde de Sinop não se manifestou oficialmente, e a direção da UPA também não se pronunciou. O espaço segue aberto para que tanto a Secretaria de Saúde quanto a Associação Saúde em Movimento (ASM), responsável pela gestão da unidade, se posicionem.
O episódio reacende o debate sobre as condições do atendimento de urgência e emergência em Sinop, frequentemente alvo de reclamações sobre demora, falta de estrutura, escassez de profissionais e falhas nos protocolos.