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CASO ISABELE

Médico que atestou morte diz que estranhou pouco sangue no local

04 de Agosto de 2020 ás 09h 23min, por CÍNTIA BORGES
Foto por GazetaDigital

O neurocirurgião Wilson Novais - amigo da família da Isabela Guimarães Ramos, de 14 anos - afirmou à Polícia Civil que estranhou a “limpeza” do local em que a garota morreu. 

Isabele foi atingida por um tiro acidental disparado por sua melhora amiga, também de 14 anos. O caso ocorreu no dia 12 de julho, no condomínio Alphaville, em Cuiabá.

Em depoimento prestado ao delegado Wagner Bassi Júnior, da Delegacia Especializada do Adolescente (DEA) no dia 31 de julho, o médico contou que atua em hospitais na rede pública e privada e é acostumado a atender ocorrências relativas a perfurações de crânio por meio de bala de fogo.

Para ele, a cena da morte da adolescente pode ter sido modificada, pois o local estava “muito limpo”.

“O ambiente estava muito limpo para uma situação tão grave, pois para o declarante [Wilson Novais], que está habituado a receber pacientes com tiros no crânio, o ambiente era para estar com muito mais sangue, em função da pressão que as artérias, veias, jogam o sangue para fora. [...] O ambiente estava muito arrumado, o que não é normal em situações com lesões na cabeça”, afirmou o médico.

Novais ainda endossa ao delegado que o tiro no rosto de Isabele causaria um sangramento instantâneo e de grande quantidade.

“O declarante informa que onde a vítima levou o tiro é uma região bastante vascularizada, isto é, um tiro na base do crânio, onde tem a presença de bastante veias, artérias, provocaria um sangramento instantâneo e brutal, um sangramento de grande monta. Que o declarante chegou a ficar no local do fato, no banheiro, aproximadamente por um minuto”, diz trecho do documento.

À pedido da mãe 

No momento em que ficou sabendo que a filha estava morta, Patrícia Guimarães Ramos ligou para o neurocirurgião "desesperada, chorando e muito alterada".

Segundo o neurocirurgião, ela pediu que ele fosse até o local da morte da garota para dar um respaldo à família.

Chegando ao condomínio, Wilson Novais pediu que o médico socorrista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) o levasse até o local da tragédia. Lá, viu e atestou a morte de Isabele.

Segundo o relato, ele notou que a vítima estava de olhos entreabertos, caraterística que segundo ele não é natural de um cadáver. “Isto é, a vítima, possivelmente, se encontrava com os olhos abertos no momento do disparo”.

Ele afirmou que era possível ver a perfuração e que havia chamuscamento (resíduo de pólvora) e respingo de sangue no rosto da menina.

“Apenas a cabeça da vítima se encontrava dentro da área molhada do box do banheiro e o restante do corpo para fora; que o declarante não viu sangue ao redor do corpo de Isabele, apenas dentro do box; que este fato chamou atenção do declarante, pois sendo neurocirurgião, esperava-se que o projétil deveria ter provocado muito mais sangue disperso no ambiente”, consta em trecho do depoimento.

Ambiente “incompatível”

Wilson Novais ainda relatou que ao entrar no quarto da adolescente que efetuou os disparos, estranhou a baixa luminosidade. Segundo ele, apenas a luz do banheiro estava acessa.

“O declarante visualizou desde o momento que entrou no quarto e no closet, que as luzes estavam todas apagadas e havia apenas uma luz fraca no banheiro; que toda essa visualização, no entender do declarante, era incompatível com algo tão grave que ocorreu”.

Ele conta que após sair do banheiro, se encontrou com Patrícia – mãe da vítima - no closet e pediu-lhe que não fosse mais ver a filha, pois "não era recomendado a presença dela no local"

"Algo muito estranho aconteceu"

Ao descer para o térreo da casa, o médico se encontrou com os tios da menina do lado de fora da casa e lhes revelou que algo “muito estranho” havia ocorrido lá em cima.

"Algo muito estranho aconteceu aqui. A Isabele está morta por um tiro no crânio e não há arma no local do crime", disse.

Segundo ele, começou, então, uma discussão entre amigos e parentes da vítima com o empresário Marcelo Cestari na parte externa da casa.

Cestari é pai da adolescente que efetuou o disparo e dono da residência.

O neurologista conta que as pessoas questionavam o empresário sobre o paradeiro da arma de fogo. “Marcelo era evasivo e não fornecia as respostas e mostrava-se bastante nervoso e agia com certa empáfia”, disse o neurocirurgião.

O caso

Isabele Ramos foi atingida com um tiro no rosto, por uma arma que estava sendo segurada pela amiga. O empresário Marcelo Cestari chegou a ser preso no dia do crime por porte ilegal de arma de fogo, mas saiu após pagamento de fiança.

À polícia, a adolescente que atirou disse que foi em busca da amiga no banheiro do seu quarto levando em mãos duas armas.

Em determinado momento, as armas, que estavam em um case, caíram no chão. “A declarante abaixou para pegar os objetos, tendo empunhado uma das armas com a mão direita e equilibrado a outra com a mão esquerda em cima do case que estava aberto", revelou a menor em depoimento.

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